[pequenas notas sobre a violação]
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- só a verdade a que podemos chamar de política é publica, e deveria servir apenas assuntos públicos.
- a verdade de um individuo não serve mais ninguém além do próprio, nem tão pouco pode ser partilhada – o outro, por sê-lo, não tem o código que a desvenda.
- a interpretação duma verdade pessoal, através de códigos públicos politicamente correctos, é falaciosa.
- os indivíduos nem sempre possuem o seus próprios códigos.
- não é o amor que é cego, é a incapacidade de lidar consigo mesmo que tolda o juízo.
- o que torna o amor no mais comum dos fetiches, é essa mesma incapacidade, revelada em obsessões.
- a imagem duma obsessão é sempre apetecível.
- qualquer imagem é uma ficção.
- não é a violar um corpo que se chega ao espírito.
- não é a violar a privacidade que se chega à verdade.
- não há intimidade que resista a uma violação.
a história que me contaram este fim de semana não foi o segundo, mas o terceiro caso de assalto ao e-mail do namorado/a que conheci, e em todos eles, a busca pela verdade provocou mais estragos que a pretensa verdade.
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